A eletrocirurgia ou diatermia é o processo que utiliza a corrente elétrica para dissecção, corte e coagulação de vasos e tecidos. Amplamente utilizado na cirurgia moderna, o procedimento é realizado com auxílio de um gerador, que produz uma corrente elétrica levada até o paciente através de um eletrodo ativo. Ao encontrar resistência do tecido-alvo, a corrente elétrica é transformada em calor, produzindo assim sua ação terapêutica (corte e/ou coagulação). Por fim, a energia retorna através de um eletrodo neutro (placa).
Duas propriedades básicas da eletricidade são essenciais para se entender como a mesma pode ser utilizada em procedimentos cirúrgicos: inicialmente, a corrente elétrica deve sempre completar um circuito, e finalmente, a corrente elétrica percorre sempre o trajeto que oferece menor resistência ao seu fluxo. Com base nestas duas características, podemos distinguir dois sistemas amplamente utilizados na cirurgia: os sistemas monopolar e bipolar.
No sistema monopolar, o eletrodo neutro está distante do eletrodo ativo, de forma que a corrente elétrica deve atravessar o corpo humano. O eletrodo ativo é utilizado no tecido-alvo, enquanto o eletrodo neutro fica em contato com a pele do paciente. Já no sistema bipolar, o eletrodo positivo e o eletrodo neutro são bastante próximos, limitando o fluxo da corrente elétrica.
Figura 1. Sistema monopolar e bipolar - SlidePlayer
Na laparoscopia, ao contrário das cirurgias abertas, apenas parte do circuito percorrido pela energia é visualizado pelo cirurgião. Considerando que as correntes elétricas podem desviar indesejavelmente do circuito esperado, existe maior risco de complicações relacionadas com queimaduras. A energia bipolar apresenta maior concentração próxima de seus eletrodos, o que permite menor dispersão térmica no tecido e a utilização de menor potência do gerador para ação terapêutica. Além disto, existe redução na produção de fumaça, favorecendo a visualização. Por este motivo, a utilização de energia bipolar tem sido recomendada e vem crescendo nas cirurgias por vídeo.
Fonte:
TRINDADE, M.R.M et al. Eletrocirurgia: sistemas mono e bipolar em cirurgia videolaparoscópica. São Paulo: Acta Cir. Bras., vol. 12, n.3, jul-set, 1998.
BRITO, M.F.P.; GALVÃO, C.M. Os cuidados de enfermagem no uso da eletrocirurgia. Porto Alegre: Rev. Gaúcha de Enfermagem, v.30, n.2, 2009.
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